Ilustração de um homem com projeção de ícones tecnológicos a sua frente

Dentro do seu crânio se encontra o responsável pela compreensão do mundo ao seu redor. O cérebro humano tem algumas capacidades inexistentes nos cérebros de outros animais. É a tais capacidades singulares que devemos nossa posição dominante no planeta (…) Nossa pequena vantagem em inteligência geral nos levou a desenvolver a linguagem, a tecnologia e uma organização social complexa. (Nick Bostrom)

 

Não há nenhuma dúvida quanto a esse futuro. Os recursos já existentes e aqueles que estão por surgir, sejam ou não criados para uso educacional, se forem aplicáveis ao trabalho nas escolas e universidades, irão ganhar cada vez mais espaço em atividades de ensino e aprendizagem, sejam elas realizadas dentro das salas de aula ou não. 

As maiores barreiras existentes são aquelas criadas pelos próprios educadores. A cultura prévia, dominante nas escolas até os dias atuais, com grande força, precisa ser revista. Isso significa superar práticas em que o protagonismo é todo do professor e migrar para uma cultura de colaboração e criação, de ensejo a pesquisa e solução de problemas, em que os estudantes ganham protagonismo, dividindo o centro do palco com os docentes. O ensino e a aprendizagem têm que se tornar mais significativos. O uso de recursos de tecnologia, planejado, consciente, em sintonia com outras práticas, capaz de entender o todo e o indivíduo é algo que se almeja.

O trabalho com foco em projetos, envolvendo diferentes competências e habilidades, orquestrado pelo professor, sintonizado com o que acontece no mundo e nos arredores onde os alunos vivem, contextualizado portanto, é algo que precisa se consolidar como metodologia.

O ensino híbrido, a aula invertida, a personalização, a cultura Maker, os FabLabs, o big data, a gamificação, o ensino da programação, a robótica, simulações, animações, videoaulas, o ensino em distintas e cada vez mais ricas e equipadas plataformas digitais e tudo o que já surgiu e está em uso para que a educação aconteça será ainda mais presente e forte com a inteligência artificial que nos próximos anos irá se tornar mais e mais onipresente.

Em tudo, no entanto, o fator humano, deve ser preponderante, a definir o rumo, a se mostrar presente, a plantar entre os educandos a ética, a cidadania, o respeito, a solidariedade, a capacidade de empreender, a busca pelo conhecimento e o uso consciente e inteligente daquilo que for construído por suas ações, pesquisas, sempre pelo melhor para todos.

 

Estruturalmente, a escola atual não difere daquela do início do século passado, no entanto, os estudantes de hoje não aprendem da mesma forma que os do século anterior. Crianças e jovens estão cada vez mais conectados às tecnologias digitais, configurando-se como uma geração que estabelece novas relações como o conhecimento e que, portanto, requer que as transformações aconteçam na escola. (Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto e Fernando de Melo Trevisani)

 

A educação com mais tecnologias irá seguir sendo feita por e para pessoas, por isso, é preciso estar atento as questões emocionais e sociais, igualmente parte importante da formação das crianças e adolescentes.

Resultados a serem auferidos dentre aquilo que foi ensinado não mais ficarão restritos a resultados de provas e avaliações, devem ser fruto de toda a produção do aluno, com registros diários a orientar o olhar dos educadores e famílias, criando portfólios que irão facilitar a compreensão do processo de aprendizagem, do potencial dos alunos, de suas dificuldades e forças, daquilo que estão a se tornar ao longo de seu desenvolvimento.

Se há ciência, tecnologia e matemática na educação presente e futura, com o apoio das tecnologias, como preconizam os defensores do STEAM, existe e é preciso dar evidência as artes e, com ela, as humanidades, para que o futuro seja não só de realizadores, capazes de levar o homem a outros planetas e salvar vidas, mas de apreciar e criar uma nova estética, valorizar a produção clássica e popular da humanidade, viver em sociedade de forma organizada e respeitosa, buscando a paz, o amor e a felicidade para todos.

Mas como empreender tudo isso?

Tudo o que foi descrito está em desenvolvimento nesse exato momento, em universidades, escolas, laboratórios e empresas; sendo pensado e proposto por governos e organizações não-governamentais. As informações nos chegam de todos os cantos do mundo. Estão, no entanto, dispersas e por vezes, desconexas. É preciso organizar esse universo de dados, pensar e propor projetos educacionais consistentes e em sintonia com o que nos chega, sem nunca abrir mão dos valores universais mais caros a humanidade, como a liberdade, a democracia, a tolerância, a solidariedade, o direito a vida, a igualdade e a possibilidade de trabalhar, empreender e viver de forma digna.

 

Segundo Manuel Castells (2000), os agitados tempos em que vivemos, com suas mudanças na organização social, nas relações interpessoais e suas novas formas de gerenciar socialmente o conhecimento, representam, mais do que uma época de mudanças, uma verdadeira mudança de época. No caso da educação, a solução não pode ser sentir saudades dos tempos passados, da velha escola, muito menos, como alguns pretendem, fazer o possível para que ela volte. Mas também não basta fazer pequenos ajustes, colocar band-aids em nossas aulas e em nossos hábitos docentes, introduzindo os computadores e alguma outra tecnologia para continuar desenvolvendo os mesmos currículos. (Carlos Monereo e Juan Ignacio Pozo)

 

Estudar os projetos já existentes. Buscar parcerias. Entender as novas tecnologias e metodologias. Compartilhar ideias. Criar novas iniciativas. Incluir todos no processo. Fazer com que as famílias sejam participantes nesse processo. Instigar os alunos a realizar e registrar. Transformar os educadores em regentes dessas orquestras. São alguns dos caminhos a serem seguidos.

O futuro já está aqui, deixou de ser apenas o amanhã, tornou-se o hoje, mas precisa de engajamento, de prazer e de muita disposição para acontecer, senão tudo não passa de sonho, ilusão e não irá acontecer…

Faça com que essa realidade seja a sua, desde hoje, começando com pequenos passos, se apropriando de novas tecnologias dia após dia, estudando as metodologias, trazendo para seu planejamento, executando em sala de aula, acertando e errando, começando tudo de novo, dando sempre crédito a todos os envolvidos, entendendo que para atingir seus objetivos, muitos passos terão que ser dados…

 

Referências

BACICH, Lilian; NETO, Adolfo Tanzi; TREVISANI, Fernando. Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. (pág. 47)

BOSTROM, Nick. Superinteligência: Caminhos, perigos e estratégias para um novo mundo. Rio de Janeiro: Darkside books, 2018. (pág. 15)

MONEREO, Carles; POZO, Juan Ignacio. O aluno em ambientes virtuais. In COLL, César; MONEREO, Carles et al. Psicologia da Educação Virtual: Aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010. (pág. 97)

 

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