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– Por que você se tornou professora, Rita?

– Por que me tornei professora? Para proteger as crianças dos pais.

– Como assim, Professora Rita?

– Não se pode chamar a realidade de obstáculo desnecessário. Meu trabalho é preparar as crianças para o mundo real.

– Muito importante isso, professora Rita. Gosto muito da sua preocupação pelos alunos além das questões apenas dos deveres escolares. Percebo que você se interessa também pelas questões pessoais dos alunos, envolvendo problemas afetivos e familiares. Além de professora, você também se preocupa em ter uma relação de amizade com eles.

– Sou uma Professora, não sou uma autoridade. E eu não minto para as crianças.

– E isso faz toda a diferença, Rita. O apoio que você deu ao seu aluno que estava com problemas familiares e não estava tendo o respaldo adequado do professor de física foi incrível. A frase “burocracia é a sua religião e acordo coletivo é a sua bíblia” dita pelo diretor sobre esse professor tem muito a ver com você, não é mesmo? 

– (Burocracia, acordos sindicais) Não pode minar a motivação do aluno. Eu acredito nele. Isso (burocracia) tem mais a ver com a gente, e não com eles. Sabe como os professores podem cultivar o que há de melhor nos alunos?

– Penso que temos a responsabilidade de potencializar seus talentos e habilidades, professora Rita. Essa deve ser a  nossa meta como professor para torná-los grandes homens com um futuro brilhante. E você, Professor Merlí, por que escolheu ser professor?

– Estou farto de ouvir pessoas dizendo que a Filosofia é inúltil, parece que o sistema educacional esqueceu as perguntas: quem somos nós, de onde viemos, para onde estamos indo? Agora só importa que empresa vamos abrir.

– Verdade, professor Merlí. Percebo que o foco principal de sua função professoral é o aluno, não é verdade?

– Eu os quero ver acordados, com as antenas ativadas, atentos ao que acontece ao seu redor. Preparados para as contradições e as dúvidas que a vida apresenta. E para afrontar as adversidades e aprender com as derrotas.

-Muito bom, Professor Merlí. Vejo que a sua didática agrada muito aos alunos, e eles te adoram. Percebo também que alguns professores mais tradicionais, que não possuem ainda propostas educativas inovadoras, te criticam pelo seu modo de ministrar as aulas, por descer do pedestal e tornar-se um mediador na construção do conhecimento junto aos alunos. Um desses alunos deu o seguinte depoimento sobre você: “É o melhor professor que já tive. Porque é divertido, explica muito bem e faz com que eu goste da matéria”. Qual o segredo para ser tão querido pelos alunos?

– O que faço é estimulá-los para que façam perguntas, para que pensem por si mesmos. Não é isso que os professores devem fazer?

– Concordo em gênero e número, professor. Um forte abraço a vocês dois, professora Rita e professor Merli. Vocês são ótimas referências para aqueles que estão ingressando na área a também para aqueles que querem cada vez mais inovar didaticamente e aprender novas formas de criar uma relação sólida e efetiva  com os alunos no processo de ensino e aprendizagem.

Rita é uma professora de Língua dinamarquesa e História interpretada pela atriz Mille Dinesen. Merli é um professor espanhol de filosofia interpretado pelo ator Francesc Orella. Os dois estão em streaming para qualquer professor assistir em suas respectivas séries homônimas. O diálogo acima é uma ficção. As respostas dadas pelos dois professores foram retiradas dos episódios das séries onde são protagonistas e adequadas às perguntas e indagações deste colunista. Qualquer semelhança com os episódios não é mera coincidência.

 

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