Um homem

Dacilvania Laurentino Nobre – Ji-Paraná-Ro. Pedagoga pelo ICE – Instituto Cuiabano de Educação. Pós-graduada em Alfabetização e Educação Infantil – ICE. Educação de Jovens e Adultos – ICE e Educação Especial com ênfase em Libras e Surdocegueira. Mestre em Educação pela UTDC – Universidade Técnica de Comercialización Y Desarrollo.

Gloria Abadia Silva Maia – Cuiabá-MT. Pedagoga pelo ICE – Instituto Cuiabano de Educação. Pós-graduada em Alfabetização e Educação Infantil – ICE. Educação de Jovens e Adultos – ICE.

RESUMO

O presente resumo busca abordar as experiências e metodologias vivenciadas em sala de aula, como professor articulador sócio-cultural, procurou-se a todo o momento instruir os sujeitos através de uma metodologia que não lhes negue o direito de afirmação de sua identidade, experiência e cultura. Assim, a inclusão de jovens e adultos nas instituições escolares necessita estar dentro de uma proposta de ensino que seja significativa e de qualidade, onde o sujeito seja o principal objetivo do currículo escolar. Neste contexto a escola deve estar dentro de um projeto voltado para a autonomia e liberdade do sujeito, garantindo através do orientador o processo de estigar a pensar, saber comunicar-se, pesquisar, ter raciocínio lógico matemático, fazer sínteses e elaborações teóricas, saber organizar seu próprio trabalho, ter disciplina, ser independente, saber articular o conhecimento com a prática, ter o discernimento das escolhas, procurando nos quatro pilares da educação a base sólida do conhecimento, aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver. Contudo, propor um ensino de qualidade é importante na vida do cidadão, criar o interesse e o entusiasmo pela participação e organização coletivo, produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado, envolvendo todos os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem. Mas o ensino deve estar interligado com a educação para a vida, sentir ter sentido, para cuidar e cuidar-se, portando sujeito, não é só pensamento, depende da ação mediadora, inserindo sentimentos valorizados na ética moral em prol da plena cidadania.

Palavras-chave: Experiência, Inclusão e Sensibilidade.

O presente artigo propõe relatar as experiências vivenciadas em sala de aula, do professor articulador sociocultural com o aluno, esta interação procurou-se a todo o momento instruir os sujeitos através de metodologias pedagógicas que não lhes negue o direito de afirmação de sua identidade, experiência e cultura.
No Plano Nacional de Educação, têm-se como objetivos e finalidades:

Garantia de ensino fundamental a todos que não tiveram acesso na idade própria ou que não concluíram. A erradicação do analfabetismo faz parte desta prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e adultos como ponto de partida e in no sentido intrínseca desse nível de ensino. A alfabetização desta população é entendida no sentido amplo de domínio dos instrumentos básico da cultura letrada, das operações matemáticas elementares, da evolução histórica da sociedade humana, da diversidade do espaço físico e política mundial da constituição brasileira. Envolve ainda, a formação do cidadão responsável e consciente de seus direitos. (PNE – introdução – objetivos e prioridades dois).

Nas últimas décadas o Ministério da Educação, preocupado com o analfabetismo investiu certa quantia benéfica e significativa na educação de jovens para iniciarem e voltarem seu percurso escolar. A princípio foram realizadas várias matrículas, no entanto para conseguir a permanência dos inscritos até a conclusão, pelo menos do ensino fundamental é um grande desafio para a comunidade escolar, principalmente para o educador.

Pesquisas revelam que o número de invasores, antes de completar o terceiro mês de aula é enorme, essa evasão abrange diversos fatores são eles: dificuldades financeiras, doenças, mudanças de endereço ou cidade, violências, problemas familiares, cansaço físico e mental devido à jornada de trabalho, desinteresse pela didática de ensino, o que na maioria das vezes fica explicito o despreparo e descaso que o educador que não proporciona recursos prazerosos e atrativos capazes de prender e instigar o educando na sala de aula com proposta mais inovadoras, criativas e concretas.

A qualidade do educador e dos meios que ele utiliza na educação de jovens e adultas influências muito na assiduidade constante do educando em sala de aula.  Abordar temas pertinentes com as vivências do educando, fazer uma transdisciplinariedade entre todas as disciplinas e usar meios de mediar os conhecimentos envolvendo as relações sócio-cultural-econômica, onde o foco primordial é buscar e fixar a atenção desses educandos, pois dessa forma o aprendizado torna-se mais atraente, significativo despertando assim o interesse e o prazer, levando-os a transformação da sociedade e de sua própria identidade. 

A educação de jovens e adultos deve ser constantemente uma educação de qualidade e multicultural que desenvolva a aprendizagem, integração e interação na diversidade cultural desenvolvendo assim as relações inter e intrapessoal. O jovem e o adulto esperam e querem ver resultados imediatos da suas habilidades e competências, para resgatarem a sua autoestima, pois a sua “ignorância” que muitas vezes os tornam leigos perante as informações e inovações levá-los a sentirem ansiedade, angústia e ao mesmo tempo “complexo de inferioridade” perante o contexto social. Com base em Snyders (1990) ”O professor não deve abster de estudar, o prazer pelo estudo e a leitura deve ser evidente, senão não irá conseguir passar esse gosto para seus alunos, em suma, o professor não aprende com prazer, não ensinará com prazer”.

Sendo assim se faz necessário que aqueles que se dizem educadores tenham plena convicção e consciência de que cada sujeito que passa por uma sala de aula, levará consigo, para toda sua vida, as marcas benéficas e maléficas de suas lições. É imprescindível que os educadores sejam realmente mestres, no verdadeiro sentido do termo. E que nas suas práticas saibam: valorizar a aprendizagem do educando ouvindo suas experiências, relatos e incluindo esses saberes nas suas práxis pedagógicas, dialogar constantemente com a linguagem e tratamento propicio ao público alvo, indagar a opinião dos educandos em relação aos temas a serem trabalhados antes mesmo de abordá-los cientificamente, demonstrando ao educando que a leitura de mundo faz parte de seu cotidiano e do processo das habilidades do ensino e aprendizagem, entender e compreender que o promover jovens e adultos é um ato político e, no entanto ele deve saber propiciar e estimular ações para o exercício da cidadania. Portanto um educador somente troca conhecimento a partir do momento que ele está adquirindo a aprendizagem através de pesquisas, pois o verdadeiro educador é aquele que aprende e passa para ao educando o que aprendeu, contudo não se pode repassar qualquer tipo de informação ao um ser humano sem antes ajudá-lo a encontrar essa informação dentro de si.

Veja o que diz Knowles:
 
Os adultos já possuem uma bagagem de conhecimentos, tem experiências, o que não lhes permitem ser tratados como crianças. E é a partir delas, que se formam o seu ensino aprendizagem, levando o professor a dar maior ênfase ao aluno do que a aula propriamente dita o que na maioria das vezes está completamente fora da realidade. (KNOWLES, 1970 apud FERREIRA & OLIVEIRA, 2006, P.2).

Assim para que se compreenda este estudante jovem e adulto se faz necessário salientar que a busca de conhecimento é imprescindível para conhecer a realidade e experiência que integram o seu cotidiano. O estudo da EJA, andragogia, oportuniza para os jovens e adultos que se permitem aprender a aprender, compartilhar ativamente e pessoalmente de sua própria formação e identidade com intervenção e hábitos nas suas rotinas e programações, bem como nas realizações e evoluções de suas atividades educativas, em condições de igualdade e inclusão com seus companheiros participantes e com seus professores.    

Assim, a inclusão de jovens e adultos nas instituições escolares necessita estar dentro de uma proposta de ensino que seja significativa e de qualidade, onde o sujeito seja o principal objetivo do currículo escolar, portanto as aulas devem ser prazerosas e atrativas com atividades inovadoras e concretas que levem o aluno a pensar e questionar, resolvendo problemas advindos do seu cotidiano.  

Neste contexto a escola deve estar entrelaçada dentro de um projeto voltado para a autonomia e liberdade do sujeito, garantindo através do orientador o processo de estigar a pensar, saber comunicar-se, pesquisar, ter raciocínio lógico matemático, fazer sínteses e elaborações teóricas, saber organizar seu próprio trabalho, ter disciplina, ser independente, saber articular o conhecimento com a prática, ter o discernimento das escolhas, procurando nos quatro pilares da educação a base sólida do conhecimento, aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver.

Contudo, propor um ensino de qualidade é importante na vida do cidadão, criar o interesse e o entusiasmo pela participação e organização coletivo, produzir, construir e reconstruir conhecimento elaborado, envolvendo todos os sujeitos do processo de ensino e aprendizagem. Mas o ensino deve estar interligado com a educação para a vida, sentir ter sentido, para cuidar e cuidar-se, portando sujeito, não é só pensamento, depende da ação mediadora, inserindo sentimentos valorizados na ética moral em prol da plena cidadania.

Sendo assim, vale salientar que a Educação perpassa por diversas transformações ao longo dos anos, principalmente no que diz respeito á didática de Ensino. Podemos dizer que essas mudanças ocorreram de uma forma que seguiu às tendências de atendimento a diversas necessidades de uma reformulação e de várias adaptações adequadas ao contexto mundial e nacional e à sociedade de forma geral. A Educação passou a ser dessa forma um conjunto dinâmico de ensino que envolve diversas áreas sociais, didáticas, culturais, econômicas e, até mesmo políticas.

Assim, a demanda pela qualificação dos profissionais da educação é mais ampla, pois passa hoje em dia por questões ligadas ao preconceito, fruto de grande exclusão social nas escolas, em especial, dos alunos portadores de necessidades especiais. Desta forma vale ressaltar que a Constituição é bem explicita no seu artigo 23, inciso II, quando coloca que “cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência”, é uma das responsabilidades básicas da União, dos Estados, do Distrito federal e dos Municípios, lembrando assim que as constituições estaduais e as leis orgânicas municipais quando feitas devem por lei buscar respaldo na nossa Constituição, para o cumprimento das leis e dos objetivos da nossa nação.

Entretanto estas garantias asseguram em nossa Constituição, no artigo 203, que trata da Assistência Social e em seu inciso IV que destaca a “habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária”, sendo um dos objetivos dessa assistência assegurada. Dessa maneira o artigo 208, chama a atenção em relação ao dever do Estado que será efetivado mediante algumas garantias, entre elas o inciso III coloca da seguinte forma: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Assim, a demanda pela qualificação dos profissionais da educação é mais ampla, pois perpassa hoje em dia por questões ligadas ao preconceito, fruto de grande exclusão social nas escolas, em especial, dos alunos portadores de necessidades especiais.

Portanto estes sujeitos passaram muitos anos sem atenção especial na Educação, sendo até mesmo alguns anos atrás tratados com certa polêmica e o assunto excluído das políticas públicas de Ensino se não esquecido. Diferente dos tempos atuais entendia-se por “pessoas especiais”, aquelas com “defeito”, que necessitavam de cuidados especiais, porém reclusos.

Enfim, a andragogia vem para incluir, reparar, equalizar e qualificar de maneira adequada os jovens e adultos que tiveram uma trajetória totalmente excludente, não precisando de educadores que os ensinem a dar os primeiros passos, mas, de profissionais especializados para atuar de forma transformadora e diferenciada nesse processo de construção de autonomia e identidade onde ambos se coloquem como eternos aprendizes.  

Sujeitos com necessidades especiais, como todos os outros seres humanos, têm suas capacidades, dificuldades pessoais e limitações. Algumas se desenvolvem com facilidade, outras demoram mais, algumas recebem grandes doses de estimulação e poucos progridem porque sua história biológica lhes impõe limites, outras recebem pouca estimulação e mesmo assim se desenvolvem bem. Atualmente, graças aos avanços científicos e tecnológicos, associados às mudanças de comportamento da sociedade temos muitos meios de facilitar a vida dos portadores de necessidades especiais para que se sintam parte do mundo e vistos como pessoas que têm capacidade de viver como outra qualquer apesar de suas limitações.

Entretanto estes portadores não devem gostar de ser vistos como “coitadinhos” e muito menos viver sob limites, principalmente sob superproteção de pais, amigos, educadores e outros membros de nossa sociedade, querem conquistar a própria autonomia. Mas felizmente estes paradigmas que os exclui estão mudando aos poucos. Em anos anteriores e não muito distantes, por exemplo, era considerado um tabu no âmbito social, um assunto pouco discutido devido ao fato da falta de recursos de diversas áreas para saber lidar com os portadores. Estes contavam apenas com a força de vontade e o amor da família para poder conviver de forma digna, e é sabido que muitos sempre conseguiram ultrapassar as conhecidas barreiras de sobrevivência.

Assim, educadores devem agir de forma atuante e com uma visão de ciência e técnica, tendo uma visão mais ampla onde o ser humano cada vez mais deixa de ser percebido como um ser essencialmente biológico para ser concebido, segundo uma visão mais abrangente, na qual se consideram os processos sociais, históricos e culturais. No entanto graças aos avanços, podemos observar que a vida dos portadores de necessidades especiais pode melhorar, pois agora contamos com recursos que não só promovem o rompimento de barreiras, mas também incentivam, chamam as famílias, os amigos e vários profissionais para que abracem causas que contribuam para a maior inserção possível dos portadores dentro do convívio social de forma geral.

É necessário que para obter um ensino de qualidade nas instituições escolares e atender a grande diversidade da EJA, precisa de profissionais qualificados que atendam as diversas necessidades, bem como: professores que recebam os alunos em contra turnos (apoio) para sanar as dificuldades e dúvidas detectadas no aluno pelo professor de sala, sala multifuncionais com professor também “multi” para suprir as limitações dos alunos multi, mas é preciso no ato da matrícula dos alunos com alguma necessidade especial requerer um diagnóstico emitido pelo médico, onde específica a limitação do educando com o objetivo de proporcionar melhores condições de aprendizado, para que desperte estímulos nas habilidades e competências a serem descobertas, materiais personalizados e adequados a necessidade desse público, recursos didáticos (livros, jogos diversificados) para cada aluno, com a finalidade de permitir o acompanhamento e o reforço do estudo e aprendizado, biblioteca com recursos especializados para o primeiro segmento e funcionário (bibliotecário) qualificado para atender a grande demanda do público alvo e disciplinariedade em relação ao horário e uniforme a fim de que possam prepará-los para as exigências do contexto social.  

Diante de todos esses campos abordados em prol de uma educação de qualidade para todos, onde cada sujeito na sua totalidade conheça na integra os seus direitos e deveres e viva realmente em um mundo democrático se faz necessário reflexões e ações tanto do sistema quanto dos profissionais da educação, diante disso algumas indagações se fazem pertinente tais como: Qual é o tipo de cidadão que se pretende formar? Alienado ou realmente incluso dentro de um mundo mais justo sem preconceito? Será que a educação está realmente incluindo, preparando este cidadão para ser autônomo ou apenas incluindo em levantamentos contra o analfabetismo?

 Reflexões como essas podem causar impactos na maneira de como avaliar esses processos, pois a avaliação é uma atividade inserida e indispensável da dinâmica de ensino-aprendizagem, que propicia acompanhar passo á passo o avanço dos educandos e educadores, pois detecta as dificuldades corrigindo e orientando no processo de ensino – aprendizagem.

Portanto avaliar não é excluir e sim acompanhar e recuperar, visando orientar nas tomadas de decisões e superar as dificuldades advindas assegurando os objetivos almejados. Em síntese é de suma importância que os educadores que se propõem em ensinar tenham em mente que devem mediar com sabedoria, entusiasmo, sensibilidade, humildade e alegria. Que exemplifiquem a confiança, a paz, a amizade, o companheirismo e o respeito, pois todo professor deverá ter sempre em mente que a sua profissão é uma das mais nobres, porque é a grande responsável por iluminar consciências e formar cidadãos de bem.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal. In: Vade Mecum, Constituição Federal. 4ª ed. Organização de texto por Anne Joyce Angher. São Paulo: Rideel, 2007.
CARMO, Sônia Maria. “Um breve panorama do que já foi feito pela educação especial no Brasil e no mundo”. Disponível, em Acesso em 12/12/2009.

Dicionário virtual. Disponível em < http://dicionario.babylon.com/inclus%C3%A3o%20social#!!9G2CGKRAUE> Acesso em 03/12/2009.

HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ºed. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1986.

Lei de Diretrizes e Bases- Capítulo V- da Educação Especial. Disponível em: Acesso em 22/11/09.

LIMA, João do Rozario. Inclusão: o despreparo das escolas para receber alunos com deficiência sensorial. Disponível em Acesso em 25/11/2009.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em: . Acesso em 15/07/2010.

Plano Nacional de Educação. Disponível em: . Acesso em 17/07/2010.

Educação de jovens e adultos. Disponível em:  http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/jovens01.html> Acesso em 25/07/2010.

SANTANA, Aline Pereira Dutra & SOARES, Sabrina Celestino. Refletindo sobre a história da educação das pessoas em condição de deficiência. Disponível em < http://www.artigonal.com/> Acesso em 12/12/2009.

SNYDERS. Entrevista dada à Lourdes Stamato de Camilles. PUC/SP, 1990.

KNOWLES, Malcom. The Adult Learner: a neglected species. 4ª edição. Texas, USA, Golf Publishing Company, 1990.

Informações

Pular para o conteúdo