Capa do documentário "Minimalismo

Certamente você já acordou algum dia e se perguntou sobre os rumos de sua vida. Dúvidas surgiram quanto as opções que fez. Pensou a respeito das escolhas profissionais e pessoais e, de algum modo, apesar de tudo estar aparentemente muito bem, você não parece feliz. Convencido de que algo não está indo bem, resolveu fazer o que milhões de pessoas no mundo todo fazem para resolver estes pequenos dilemas do cotidiano, ou seja, muniu-se de seu cartão de crédito, foi a uma loja ou a um restaurante, gastou seu dinheiro (ou aquele que ainda nem ganhou) e voltou para casa, ao final do dia, parecendo estar mais realizado… No dia seguinte, aquela aquisição ou jantar já foi esquecido e aquela situação de incômodo reapareceu, pronta para te deixar em xeque…

Pois isso estava acontecendo com Joshua Fields Millburn, jovem promissor, bem empregado, com salário na casa dos 6 dígitos anuais (em dólares!), apartamento bacana e bem localizado, inserido no poderoso mundo dos negócios nos Estados Unidos. Tudo indo muito bem, só que não… Millburn chegara a um ponto em que trabalhava muito, ganhava um bom dinheiro (suficiente para deixar sua vida muito confortável), era valorizado em seu emprego, mas todos os meses gastava mais do que ganhava buscando, com isso, apaziguar as mágoas e tristezas que não entendia e não conseguia explicar.

Seu amigo e colega de trabalho Ryan Nicodemus vivia situação semelhante e, para piorar, nos últimos meses vira seu casamento se desfazer e sua mãe falecer. Seu momento era, portanto, ainda pior em relação ao que Joshua parecia viver…

Ainda assim, no meio deste inexplicável turbilhão de emoções que muitos vivem e poucos conseguem compreender, Nicodemus encontrou com Millburn e, surpreendentemente, estava com aspecto feliz, como se estivesse aliviado. Sem entender ao certo o que estava acontecendo, Joshua convidou o amigo para almoçar e lhe explicar o que ocorrera nos últimos dias que motivara esta mudança de estado de espírito e ânimo.

O relato do amigo destacou a história vivida por ele diante do espólio material de sua mãe, ou seja, dos bens que ela possuía e acumulou ao longo de anos. Ao se ver frente a tal volume de recursos, a maioria deles sem utilização regular há muitos anos, ele fez, a princípio, o que todos os americanos fazem, ou seja, tentou colocar num depósito, trancar a porta, virar as costas e ir embora.

A situação, no entanto, o fez refletir sobre o que leva as pessoas a ter tantas coisas que nem usam e, em assim sendo, se utilizar destes bens para saciar não apenas as necessidades materiais a que se aplicam, mas ao ensejo do mercado, a provocar o consumo e, com isso, posicionar tais mercadorias num patamar superior, em que suprem demandas emocionais e não apenas materiais.

Sabe aquela ideia de que ao consumir tal produto da moda, comprar aquele smartphone de última geração, adquirir um novo veículo, ir ao restaurante mais badalado da cidade ou ações afins, é capaz de nos realizar, fazer feliz e mostrar o quanto a vida vale a pena?

Ryan foi percebendo que isso era uma ilusão e, tendo contato com alguns amigos que haviam feito uma opção consciente por possuir apenas aquilo que de fato utilizam regularmente em suas vidas, se deu conta de como a vida ficava mais leve e o tempo disponível para o que realmente importa. Conheceu diferentes situações e casos em que isso acontecia, para se certificar de que não era algo isolado e descontextualizado, ou seja, com aplicação apenas para jovens, solteiros, desimpedidos como ele e, para sua surpresa, descobriu famílias que estavam vivendo assim e, por fim, resolveu aderir.

Ao encontrar com Joshua, já vivia esta nova condição e estava, de fato, se sentindo feliz como há muito tempo não acontecia. Compartilhou sua história com o amigo e, este também decidiu se livrar de tudo o que era supérfluo em sua vida, dando início a um relato, via blog (The Minimalists), do que acontecera em suas vidas.

Para seu espanto, o blog passou a ter milhares e, depois milhões de seguidores, virou livro, fez com que eles colocassem o pé na estrada, dando depoimentos para os mais importantes veículos de comunicação de seu país e do mundo e, por fim, fazendo com que fizessem palestras TED e um documentário para o Netflix.

Diferentemente do que algumas pessoas podem a princípio pensar, o que Joshua e Ryan fizeram não foi abdicar por completo de suas posses ou refutar o capitalismo. O que realizaram e propagam como ideia por meio de suas palestras e escritos é que as pessoas tenham menos, consumam menos, se atenham ao que realmente necessitam e que, com isso, possam ter mais disponibilidade para o que realmente importa, ou seja, para os amigos, família, trabalhar com o que gostam, seus hobbies e os pequenos prazeres da vida.

Os Minimalistas, como são conhecidos pelo trabalho que realizam, têm casa, carro, poucas peças de roupa, alguns utensílios domésticos, usam preferencialmente o Kindle para não acumularem livros, compram apenas aquilo que irão consumir no dia ou na semana, se dão o direito de tomar sorvete ou de ir a um bom restaurante, viajam pelos 4 cantos dos Estados Unidos e do mundo e vivem dentro da simplicidade que pregam. Acreditam tanto no minimalismo que fizeram palestras em pequenas cidades, para poucas pessoas, até que a mensagem se tornasse mais conhecida e, com isso, que tivessem canais de comunicação maiores a lhes oferecer espaço para a divulgação de tais ideias, pela televisão, rádio, jornais ou internet.

Trazem uma importante e necessária lição que, certamente, precisa ser ouvida e praticada não apenas para que possamos viver melhor de fato, tirando de cena o que dispersa nossa atenção, consome nosso tempo e dinheiro e nos leva a uma sensação muito constante de tristeza, mas também pelo que isso pode representar para o planeta, visando a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, pelo que agrega quando nos desfazemos dos bens, permitindo a pessoas que precisam dos mesmos, por meio de venda (a preços mais acessíveis) ou doação, possam ter acesso a tais recursos. Afinal de contas, por mais que muitos ainda insistam nessa ideia, dinheiro não compra felicidade.

 

Para saber mais

Quer saber mais? Assista as apresentações TED e o documentário na Netflix, leia os livros e acesse o blog para ver as histórias de Joshua e Ryan e se inspirar na busca por uma vida mais simples e rica!

  • Blog

The Minimalists (em inglês) – https://www.theminimalists.com/

 

  • Documentário Netflix

Minimalism: A documentary about the important things (2016 – 78 minutos)

Trailer disponível em:

 

  • Apresentações TED

– A rich life with less stuff (Uma vida mais rica com menos coisas) – Ryan Nicodemus e Joshua Fields Millburn.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=GgBpyNsS-jU

 

– The Art of letting go (A arte de se livrar das coisas) – Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=w7rewjFNiys

 

  • Livros

– Minimalism: Live a meaningful life (Minimalismo: Tenha uma vida cheia de sentido). Disponível em inglês (Papel e Digital). Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus.

 

– Essential: Essays by the Minimalists (Essencial: textos/ensaios dos minimalistas). Disponível em inglês (Papel e Digital). Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus.

 

– Everything that remains (Tudo o que sobra). Disponível em inglês (Papel e Digital). Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus.

 

 

Informações

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