Mulheres estudando juntas

Para quem segue a Mattiello Consultoria Acadêmica, o slogan “saia do status quo” já não é um mistério nem soa estranho. Ele significa sair da normalidade e do conformismo, o que – para alguns professores de inglês – tem sido difícil, muito embora o cenário pode nos dar uma impressão diferente à primeira vista.

Os professores vêm mudando sua mentalidade com relação ao desenvolvimento profissional e têm se demonstrado cada vez mais abertos aos cursos de desenvolvimento, workshops e participação em seminários. Eles estão cientes de que isso não significa que seu trabalho não esteja sendo bem realizado nem que são incapazes de conduzirem grupos. Os professores sabem que isso é parte integrante de qualquer carreira e essa mudança em suas atitudes irá garantir um trabalho bem sucedido em sala de aula. Os resultados linguísticos dos alunos, muito provavelmente, também terão uma evolução, uma vez que seus educadores vêm tendo acesso a uma enorme diversidade de informações, desde o gerenciamento de grupos até o planejamento de aula, como o nosso cérebro aprende, como o processo de uma língua estrangeira é desenvolvido. O cenário é definitivamente mais ativo e profissional do que há não muito tempo atrás. Professores finalmente entenderam que estar atualizado é importante, que a gente não pode se dar ao luxo de permanecer na zona de conforto. Mas olhe melhor. Pergunte a si mesmo quando foi a última vez que você fez um curso ou participou de um seminário com um profissional que não estava na lista de famosos do ensino de línguas ou desenvolvimento profissional. Se sua resposta for mais de 2 anos ou nunca, então temos um novo status quo se formando.

Existem, hoje em dia, tantos profissionais bons oferecendo aos professores uma quantidade surpreendente de informação da mais alta qualidade. Educadores que procuram por design educacional em conjunto com tecnologia, procurem pela Circular Club; aqueles que buscam inspiração em outros profissionais na área da educação e adoram entrevistas, a Talking EFL é o lugar perfeito; para cursos (caramba), tem tantas opções com bastantes pessoas boas. Professores que se interessam por Neurociência, tem a Neuroeducadamente com a incrível Mirella Ramacciotti, e para uma abordagem mais tecnológica no mesmo segmento, você vai encontrar a conta do Instagram Educational Development Rocks (@edrocks) do André Hedlund. Cursos relacionados à Linguística Aplicada na sala de aula e metodologias podem ser encontrados na Mattiello Consultoria (tem também cursos online). Caso seu interesse seja em PBL, então a Teach-in Education é o lugar certo para você. Para abordagens pedagógicas, você precisa conhecer a Ampliando Horizontes e há, ainda, tantos outros professores que ainda não começaram sua empresa, mas que estão prontos para compartilhar seus conhecimentos com você. Todas essas pessoas fazem parte da lista de nomes famosos? Nem um pouco. Eles preparam você para o CELTA? Indiretamente, sim. Embora o CELTA não seja o objetivo dessas empresas e desses profissionais, eles irão contribuir para a sua carreira em sala de aula exatamente na mesma medida. Talvez eles não sejam as celebridades do ELT neste momento, talvez seus nomes não estejam no hall da fama do ensino de línguas, mas, com certeza, os professores vão se beneficiar com seus trabalhos.

Fenômeno parecido acontece em seminários e grandes eventos educacionais. Não tem problema algum querer estar presente em um bate-papo com profissionais renomados, que possuem uma bagagem incrível e que vale a pena sentar no chão só para adquirir aquele conhecimento. O objetivo deste artigo não é fazer professores ignorarem os grandes nomes, mas abrir os olhos para novos profissionais que podem compartilhar informações tão importantes quanto, mas que, às vezes, são preteridos por alguns educadores. Uma experiência pessoal aconteceu no ano passado durante a Conferência Internacional do BRAZ-TESOL quando 2 profissionais ótimos não tiveram a sala lotada. Na verdade, um dos professores fez uma apresentação sobre ensino de língua inglesa para alunos com deficiências visuais e teve não mais do que 10 participantes, e outro apresentou um workshop com um terceiro professor sobre aprendizado colaborativo e teve 5 (CINCO!) participantes. Esses profissionais estão na lista de nomes famosos? Com certeza não, mas a informação que eles compartilharam foi tão significativa e rica que poderia muito bem ter, pelo menos, 30 pessoas em cada apresentação. Já no final daquele dia, muitas pessoas disseram que em outras apresentações, pessoas tiveram que se sentar no chão e o responsável pela apresentação teve que iniciar antes da hora porque já não havia mais espaço e, mesmo assim, as pessoas continuavam chegando. Isso seria aceitável se algumas pessoas não tivessem dito que aquela havia sido a terceira ou quarta vez que participavam de uma apresentação do mesmo profissional.

Agora eu pergunto mais uma vez: a gente está mesmo saindo do status quo? Atitudes como aquelas prejudicam todo o princípio do desenvolvimento profissional que pressupõe diversidade. Caso contrário, não há crescimento profissional. Se a gente acreditar que somente um certo número limitado de profissionais oferece conteúdos ricos o suficiente, e que mais ninguém pode contribuir com o crescimento de nossa carreira, então vemos o estabelecimento de um novo status quo, um status quo vicioso que é tão prejudicial quanto a passividade e o conformismo do passado.  Portanto, use essa poderosa ferramenta que é a internet para ficar ciente das possibilidades que muitos profissionais estão oferecendo com relação ao desenvolvimento profissional contínuo (CPD), para ser plural em conhecimento, porque se a gente considerar que somente  um grupo limitado (sempre as mesmas pessoas) tem algo a acrescentar, então o professor Boaventura de Sousa Santos está absolutamente correto quando diz que “é hoje reconhecido que a excessiva parcelização e disciplinarização do saber científico faz do cientista um ignorante especializado”.

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