Stephen Hawking e Jane Wilde

“Não importa o quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você possa fazer e triunfar. Enquanto há vida, há esperança”. (Stephen Hawking)

Ao final do filme o que vinha a minha cabeça era a ideia de que o impossível é algo que nós mesmos criamos. As barreiras ou impedimentos são colocados no caminho das pessoas por elas mesmas, ou seja, como é dito popularmente, nesta vida só não há solução para a morte. A vida do físico Stephen Hawking é certamente inspiradora e sua trajetória e brilhantismo só foi possível por conta da presença marcante, forte, decidida e amorosa de sua esposa Jane.

Ainda que todos os prognósticos fossem contrários a vida de Hawking ele foi adiante e venceu. O filme “A Teoria de Tudo”, do diretor James Marsh, baseado em livro de autoria da própria Jane Hawking, nos coloca em contato com o romance, os problemas de saúde, o processo de construção das teorias do físico, os amigos, os mestres, os filhos e as dúvidas, tanto as acadêmicas quanto aquelas relacionadas a própria saúde e sobrevivência do protagonista.

Há muitas realizações notáveis que certamente inspiram e ao mesmo tempo nos ajudam a acreditar que enquanto perdurar a esperança o jogo da vida continua, como afirma Hawking.

A primeira e mais notável é a percepção de como o amor e a dedicação de uma pessoa a outra são elementos decisivos para que tudo, literalmente, floresça. Os impedimentos e problemas de saúde de Hawking começaram a se manifestar antes que Jane e ele se casassem, ainda assim, ela não desistiu e enfrentou não apenas a doença de seu marido como também as incertezas e a insegurança de todos ao seu redor, inclusive familiares, sobre se deveria se unir em matrimônio ao jovem professor.

Até mesmo o romance parecia improvável, tendo em vista que Hawking era introvertido, focado nos estudos e parecia pouco inclinado a, literalmente, correr atrás de Jane, jovem universitária, inteligente e bonita, cortejada por outros estudantes. Mas, como dizem, o amor triunfou e eles formaram sua família, a despeito de todos aqueles que apostaram contra o casal.

A trajetória dele, no entanto, destaca o quanto são importantes o apoio e a aposta das instituições acadêmicas em jovens de talento como Hawking, dando-lhes condições de realizar seus estudos, oferecendo recursos, disponibilizando cursos e acesso a professores, apostando em pesquisa e ciência.

A curiosidade de Hawking, associada ao ambiente propício a pesquisa e ao suporte dado por Jane, constituíram pilares essenciais para que o físico pudesse conceber sua obra e ganhar notoriedade mundial. A busca pelas teorias que explicassem o surgimento da vida no Cosmos, a capacidade de rever seus próprios posicionamentos, a grandeza de se questionar e o estudo aprofundado são qualidades imprescindíveis para quem busca respostas na ciência.

“Uma breve história do tempo”, livro de Hawking, lançado nos anos 1980, se tornou um best-seller mundial trabalhando conceitos da história da ciência, da física e, ainda assim, traduzido para uma diversidade de línguas, consolidando suas teorias e tornando a ciência acessível a milhões de pessoas.

Sim, é possível, enquanto houver esperança, amor, confiança e dedicação. Jane e Stephen mostraram (e continuam a fazê-lo) que a vida pode ser incrível.

As bicicletas emparelhadas, numa frenética disputa, pelas ruas que levam a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, trazem dois jovens estudantes. Estamos em 1963 e, enquanto muita gente está atenta aos movimentos culturais emergentes que viraram o mundo de ponta cabeça e que estavam começando na Europa e nos Estados Unidos, um destes jovens, Stephen Hawking (Eddie Redmayne em atuação brilhante que lhe rendeu o Oscar de melhor ator), queria mesmo entender de onde veio o mundo, a vida, a origem do tempo e explicar tudo isso a partir da Física.

O aspirante a professor e físico Stephen, nesse caminho, acabou conhecendo a também estudante Jane (Felicity Jones, em interpretação impecável), que igualmente percorria a trajetória acadêmica, focada em estudos de literatura medieval. Deste encontro surgiu uma bela história de amor que resultou em casamento e filhos.

Mas há muito mais nesta história, pois antes mesmo do matrimônio consumado, o brilhante estudante descobriu que tinha a Doença de Lou Gherig, a esclerose lateral amiotrófica (ELA), que degenera os neurônios responsáveis pelo movimento dos músculos o que impede progressivamente o doente de se locomover, sem perdas cerebrais ou de sensibilidade.

Acometido deste problema sério, a perspectiva de vida se reduziu para o jovem e promissor cientista que, por conta disso, não teria tempo para concretizar seus sonhos de família e pesquisa, em sua busca pelas respostas na Física quanto ao surgimento do Cosmos.

Diante deste grande desafio estavam então Stephen e Jane, ainda bastante jovens, a se perguntar até onde chegariam…

História verídica, emocionante e surpreendente da trajetória de um dos grandes nomes da ciência contemporânea, “A Teoria de Tudo” é filme para quem quer mais do que entretenimento – ainda que isso esteja muito garantido no pacote – e esteja em busca de inspiração para sua jornada. Brilhante, bem dirigido, com fotografia inspirada e atuações inesquecíveis (em especial dos protagonistas), é filme para ver, rever, chorar, rir e vibrar. Inesquecível! Obrigatório!

Para Refletir

1. Ler “Uma Breve História do Tempo” é uma recomendação mais do que previsível. A obra de Stephen Hawking trata de temas complexos de uma forma agradável, acessível e, desta forma, presta uma grande contribuição a disseminação do conhecimento científico. Além da leitura está a compreensão dos conceitos e, em especial, a sua observância, ou seja, a capacidade de perceber a física aplicada ao mundo em que vivemos.

 

2. Conhecer as teorias fundamentais da física, de cientistas brilhantes como Isaac Newton e Albert Einstein, entre outros, é de suma importância. Para tanto é recomendável buscar livros que permitam sua inserção suave e confortável neste tão complexo âmbito da ciência. Obras como “Os Sonhos de Einstein”, de Alan Lightman, ou biografias como “Isaac Newton – Uma biografia”, de James Gleick, ajudam a humanizar o cientista e permitem um melhor entendimento de suas teorias. Buscar sempre associar ou aproximar do cotidiano é igualmente necessário para que se percebam os motivos da ciência, o porquê de estudarmos física, química ou biologia, por exemplo.

 

3. A esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou doença de Lou Gherig, que acometeu Stephen Hawking tem quais causas ou motivos? É hereditária? Causa quais consequências? Há medicamentos sendo pesquisados para este mal? Quantas pessoas sofrem deste mal no mundo? Qual é a expectativa média de vida delas? É sempre importante e enriquecedor percorrer os caminhos da biologia e da medicina para entender o funcionamento do corpo humano e as enfermidades sofridas pelas pessoas. Um dos exercícios interessantes a se trabalhar a partir deste filme é uma pesquisa sobre tal doença que permita contato com hospitais, pacientes, universidades e grupos de pesquisa que estão buscando solução para esta esclerose.

 

4. A história da ciência é pouco estudada no Brasil a não ser a partir da graduação e, ainda assim, restrita a áreas específicas e a olhares focados em cada segmento. Seria interessante incorporar o estudo da história das ciências em paralelo com o andamento dos cursos específicos de cada disciplina no Ensino Básico, trazendo à tona informações e leituras sobre os cientistas, suas descobertas e, principalmente, contextualizando em relação a vida dos estudantes. Que tal começar propondo a construção de linhas do tempo virtuais em que os alunos disponibilizem informação textual, acesso a vídeos sobre os assuntos e galerias de fotos?

 

Veja o trailer do filme:

 

Ficha Técnica

  • Título: A teoria de tudo
  • Título original: The Theory Of Everything
  • País/Ano: Reino Unido, 2014
  • Duração: 123 minutos
  • Gênero: Drama, Biografia, História
  • Direção: James Marsh
  • Roteiro: Anthony McCarten
  • Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior
     

 

Informações

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