A-Neurobiologia-da-Aprendizagem-para-uma-Escola-Humanizadora-observar-investigar-e-escutar-crianças-estudando

Atualmente, o maior desafio do professor é entender os aspectos metacognitivos dos relacionamentos entrelaçados da saúde física, mental e social dos estudantes e educadores. Qual é a “qualidade” do tempo utilizado durante uma determinada aula? Por isso, cabe questionar. Que escola temos? Que escola queremos? Questionamentos infindáveis para o Estudante, Professor, Educador e para todos comprometidos e envolvidos com e na escola.  

A Neurobiologia aplicada ao processo da aprendizagem escolar promove um novo olhar, um diálogo interdisciplinar entre os saberes da Ciência Cognitiva, a Genética, a Embriologia e os Teóricos Cognitivos e Comportamentais presentes em nossas práticas docentes no cotidiano da sala de aula.        

Desenvolvimento cognitivo à luz da Neurobiologia da Aprendizagem para uma Escola Humanizadora

 Para que o desenvolvimento cognitivo ocorra, precisa-se reconhecer a relação materno-fetal desde a nidação, placentação e todas as etapas da formação embrionária das funções biopsicofisiológicas na formação da neurogênese humana até os dias atuais. Tem como principal função a de despertar novos olhares do Educador, com o objetivo de remeter a saberes científicos, não como uma verdade absoluta mas como um caleidoscópio de novas possibilidades a serem exploradas do sistema nervoso central em suas práticas docentes.

É possibilitar a curiosidade, explorar o desconhecido, organizar abordagens pedagógicas que atendam efetivamente às necessidades do desenvolvimento de um cérebro, mente e corpo saudáveis, criativos, bioéticos, autopoiéticos, autônomos, colaborativos, cooperativos, humanizadores. E o caminho é através do diálogo, da observação, investigação, escuta (OIE), que se dá entre família, escola, professor, políticas públicas, mercado de trabalho, pesquisas científicas.  

              A aprendizagem acontece, com particularidades, durante toda a vida da pessoa, e o aprender rompe com a ideia passiva de assimilação de conteúdos. A ação ativa do aprender necessita de uma complexa teia de operações neurofisiológicas e neuropsicológicas que ainda interagem com o meio ambiente.

A transformação dentro da sala de aula

            Em Relvas (2017), como o(a) professor(a) pode transformar pessoas no espaço da sala de aula com as informações curriculares muitas vezes descontextualizadas da realidade?

            Refletindo sobre esta questão, é possível observar três tipos de “cérebros” na sala de aula.

1 – Corpo presente e mente off-line – quando a pessoa está presente fisicamente, mas sua mente está completamente fora daquele momento.

2 – Aluno – é considerado o indivíduo passivo, que só realiza tarefas quando comandado pelo professor.

3 – Estudante – indivíduo que possui uma característica de pesquisador, tem autonomia e “transborda” seus saberes. Na maioria das vezes, faz sozinho o seu caminhar acadêmico, e a função do Professor é de mediador do conhecimento.     

             A partir de então, entende-se que o ato de aprender é uma modificação de comportamento que envolve a mente e o cérebro e, para tanto, é importante esclarecer que a Neurobiologia se fundamenta como a ciência do cérebro e a pedagogia como ciência do ensino e da aprendizagem. Assim, as duas relacionam-se por proximidade devido à importância que o cérebro tem no processo da sistematização da informação para melhor assimilação e aprendizagem do indivíduo.          

Como funciona o cérebro dos alunos?

Para RELVAS (2010), o grande desafio do educador é conhecer o cérebro dos aprendizes, e tão logo o seu funcionamento, pois cada um tem as suas próprias características. Como o sistema nervoso de uma criança em desenvolvimento é mais plástico que o sistema nervoso do adulto, a atuação correta e eficaz na estimulação da plasticidade é de fundamental importância para o máximo aproveitamento da função motora/sensitiva do aprendente, visando facilitar o processo de aprender a aprender no cotidiano escolar.

Ao longo do desenvolvimento humano, o cérebro foi moldado por milhares de gerações de evolução até se transformar na mais sofisticada máquina de processamento de informações existentes na Terra. E o mais surpreendente, ele se constrói sozinho – por exemplo, não precisa ensinar a criança a perceber o som, pois desde cedo ela diferencia ruídos que têm mais significado do que outros. As crianças não são receptores passivos dos cuidados dos pais, mas sim participantes ativos de cada aspecto de seu próprio desenvolvimento. Desde o nascimento, o cérebro está preparado para buscar e utilizar as experiências mais apropriadas às suas necessidades e preferências individuais. Por esse motivo, o cérebro não requer nenhum equipamento ou treinamento especial, e, na maioria das vezes, o bebê descobre uma maneira de se desenvolver, sejam quais forem as condições que o ambiente lhe ofereça.   

A construção do cérebro começa na fase inicial da gestação. Durante o primeiro mês, sinais químicos fazem com que um grupo de células no embrião em desenvolvimento comece a se transformar no sistema nervoso.         

O estágio final de maturação do sistema nervoso é marcado pelo processo de mielinização (formação da bainha de mielina). Este se inicia no útero (sexto mês), sua produção intensifica após o nascimento (por volta dos dois anos) e pode prosseguir até a terceira década.

Aprende-se pela consolidação da memória e, por isso, é considerada a “Função Executiva” da aprendizagem. Dizendo de outra maneia: sem memória, não há aprendizagem!

A complexibilidade do educar

Educar é uma tarefa complexa e que requer de seus educadores, dentre diversos fatores, a competência e a dedicação. O maior desafio, no entanto, é planejar uma educação capaz de preparar o educando para essas transformações. A Neurobiologia irá contribuir para a ação pedagógica por compreender as estruturas e o funcionamento do Sistema Nervoso Central, enquanto a didática é a arte de ensinar conteúdos acadêmicos sistematizados. Portanto, pode-se considerar que uma ciência complementa a outra.

A aprendizagem – a princípio – é cognitiva, mas a base é emocional. O professor é o encantador dos conteúdos curriculares, podendo promover sinapses de qualidade no cérebro de seus alunos, com emoções positivas, e ativando o cérebro de recompensa.

O professor que conhece o funcionamento do cérebro cognitivo, emocional, motor, tem mais condições de promover uma aula mais participativa dos seus educandos, pois seus conteúdos poderão ser emoldurados de diferentes maneiras com desafios afetivos e emocionais, como por exemplo dramatização, textos, filmes, jogos, usando tecnologias. 

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A melhor escola não é aquela que transmite conteúdos densos e de repetição, mas a que provoca o pensar sobre o pensar e que permite questionamentos e dúvidas.

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