Aprendizagem Cooperativa: características

O modelo de ensino híbrido, o qual mescla aulas presenciais e a distância, visto como uma tendência para o futuro, em meio a pandemia ficou em evidência, ganhou força e tornou-se a melhor alternativa para o retorno às aulas presenciais.

O ensino híbrido também conhecido pelo termo em inglês blended learning é uma das metodologias ativas da aprendizagem, onde se encara o conhecimento como algo disponível em todos os lugares e não concentrado apenas entre os muros da escola.

Além disso, valoriza o protagonismo do aluno que já navega na internet com propriedade e precisa ser desafiado a aprender a aprender, a ter sede pelo saber, a ser protagonista do seu processo de aprendizagem.

Dentro desse universo das metodologias ativas é preciso enfatizar a aprendizagem cooperativa, por sua eficiência em tornar o processo ensino -aprendizagem prazeroso e significativo. Continue a leitura e descubra mais sobre essa metodologia! 

 

A aprendizagem cooperativa junto a tecnologia

O desafio da aprendizagem cooperativa é misturar o mundo físico e digital, proporcionando redes de cooperação e trocas, oportunizando para que os alunos criem, apresentem suas descobertas e opiniões, assim como possam respeitosamente assistir as criações dos colegas, opinando e aprendendo com elas.

Não adianta replicar virtualmente o modelo de aula tradicional presencial, tal estrutura está fadada ao fracasso.

O que atrai no mundo virtual? São as inúmeras possibilidades de interação e escolha que ele oferece. Eu clico nos diferentes links, assisto a vídeos, vejo imagens, curto ou deixo ali meu sentimento através de emojis, leio histórias de vida, jogo, ouço música, aprendo e me divirto se estiver predisposto a tal.

O que as crianças e os jovens necessitam é da orientação segura do adulto. O professor que será o mentor para que cada aluno encontre um caminho digital para desenvolver as suas múltiplas Inteligências. É isso mesmo! São variados e diferentes caminhos. Não é uma fórmula que todos repetirão igualmente. São várias inteligências, vários caminhos, como somos nós: seres diversos, únicos, peculiares.

Entretanto, não é apenas por meio da tecnologia que se torna possível desenvolver atividades de trabalho em grupo e planejamento coletivo, apesar de ser uma ferramenta facilitadora a atrativa, pois as crianças parecem já nascer “plugadas”, conectadas, com múltiplos olhares e sentidos aguçadíssimos.

 

A aprendizagem cooperativa junto a pedagogia de projetos

A aprendizagem cooperativa é um método baseado na interação, cooperação e participação ativa dos alunos e geralmente está aliada a um trabalho com a Pedagogia de Projetos. A função do projeto é a de tornar a aprendizagem real e atrativa, tornando a escola um espaço agradável, sem impor os conteúdos programáticos autoritariamente.

Assim, o aluno busca e consegue informações, lê, conversa, faz investigações, formula hipóteses, anota dados, calcula, reúne o necessário e converte tudo isso em ponto de partida para a construção e ampliação de novas estruturas cognitivas.

Dentro dessa perspectiva, os conteúdos disciplinares, antes teóricos e abstratos, deixam de ser um fim em si mesmos e passam a ser meios para ampliar a formação dos alunos e sua interação com a realidade, de forma crítica e dinâmica, possibilitando o desejo de continuar aprendendo ao longo da vida.

Na era dos games e da internet, das mensagens coloridas e rápidas, dos textos curtos e movimentados em flash, da interatividade e da globalização, projetar significa transformar a educação e não continuar a manter o ritmo dos professores conteudistas com longas falas e cópias infindas.

Na execução dos projetos, fica explícita a possibilidade de mobilizar diferentes áreas do conhecimento para atingir os objetivos traçados e resolver os problemas que surgem. A interdisciplinaridade ocorre naturalmente, gerada por uma necessidade real.

Nesse sentido, a Pedagogia de Projetos é o berço da Aprendizagem Cooperativa, já que não é uma técnica sujeita a regras predeterminadas e inflexíveis. Os projetos são processos contínuos, os quais não podem ser reduzidos a uma lista de objetivos e etapas.

Trabalhar com projetos é manter uma postura que reflete a concepção de conhecimento como produção coletiva, quando a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam dando significado às aprendizagens construídas, as que servem não só à resolução dos problemas de um tema específico, mas que serão aplicadas em inúmeras situações, tornando assim, os alunos capazes de estabelecer relações e utilizar do conhecimento apreendido sempre que necessário.

 

A aprendizagem cooperativa e sua importância nas escolas

A aplicabilidade da aprendizagem cooperativa baseada em projetos desenvolve o senso de trabalho em equipe e consequentemente influencia para que os estudantes aprendam a lidar com diferentes pontos de vista, respeitando-os e prezando pela ética na comunicação.

É fundamental à escola ser um espaço de formação e informação, onde a aprendizagem de conteúdos necessariamente favoreça a inserção do aluno no dia a dia das questões sociais marcantes e em um universo cultural maior.

A formação escolar deve propiciar o desenvolvimento de capacidades como as de relação interpessoal, as cognitivas, afetivas, motoras, éticas e estéticas, de modo a favorecer a compreensão e a intervenção nos fenômenos sociais e culturais. Isto só se torna possível mediante o processo de construção e reconstrução de conhecimentos.

Na aprendizagem cooperativa, os alunos são estimulados a descobrir novos conhecimentos, refletir sobre eles e colocá-los em prática no dia a dia. O principal objetivo é que os discentes utilizem o seu aprendizado e que haja uma aplicabilidade real dos saberes.

Aprender de forma cooperativa estimula a criatividade e a proatividade, desenvolve a autonomia, a responsabilidade, além de gerar um sentimento de pertencimento e acolhimento. O aluno se sente capaz de aprender a aprender e aprender a fazer, a colocar em prática o seu conhecimento. Torna-se pesquisador, investigativo, reflexivo e argumentativo.

Quando o intuito é compartilhar os benefícios se ampliam em valores como: cooperativismo, solidariedade e ajuda mútua. A competição dá lugar ao companheirismo. O egoísmo é posto de lado em prol do grupo.

O professor é o guia, o orientador, o mentor e se coloca também na condição de aprendiz, não é o centro das atenções, mas aquele que propõe dinâmicas, jogos, reflexões, atividades práticas e interativas.

O foco não é a aula expositiva, mas dialógica. Não é a avaliação pautada em memorização, mas em prática e construção. Isso valoriza a diversidade de talentos, levando em consideração o ritmo de cada indivíduo, assim como suas possíveis limitações. A ênfase não está nas dificuldades de cada um, mas em suas habilidades.

Aprender cooperativamente eleva a autoestima e aprimora os relacionamentos interpessoais. As trocas de experiências proporcionam o respeito a história de vida de cada ser humano, os quais aprendem a compreender e lidar com diferentes pontos de vista, diferentes culturas e maneiras de ver o mundo.

Ao dar voz aos estudantes, a aprendizagem cooperativa valoriza a liberdade de expressão, que por sua vez constroem um senso de respeito mútuo e empatia.

Cultura maker, robótica, gamificação, chats, blogs, vídeos, são ferramentas atuais que potencializam o processo cooperativo. Todavia, só serão eficazes aliadas a um planejamento que faça sentido ao grupo, enquanto protagonistas os alunos devem assumir suas responsabilidades para que possam evoluir juntos.

Quando acostumados a trabalhar de maneira independente e algumas vezes até competitiva, no primeiro momento os alunos estranham a aprendizagem cooperativa. Neste caso, é fundamental discutir e debater até sanar as dúvidas.

Para que a proposta seja funcional, eficaz e assertiva, todos precisam ter consciência que a avaliação dependerá da performance do grupo, assim como serão avaliados continuamente, no decorrer do processo.

Há de se tentar construir um futuro mais humano e solidário. Há de se engajar na luta de projetar, cooperar e agir com autoconfiança, porém com respeito ao próximo. Está lançado o desafio!

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Paty Fonte – Especialista em Educação Infantil e Pedagogia de Projetos. Autora dos livros: “Projetos Pedagógicos Dinâmicos”, “Pedagogia de projetos: ano letivo sem mesmice” e “Competências Socioemocionais na escola”, publicados pela WAK Editora

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