Uma criança assistindo desenho e uma mão com cérebro de brinquedo

Conversas com amigos me instigaram a divagar sobre como podemos melhor usar nosso cérebro. Refletindo um pouco sobre esta questão, percebo que minha prática constante tem sido liberar meu cérebro para que ele opere da maneira que os especialistas chamam de “modo difuso”.

Tal prática começou quando a Teoria da Relatividade, de Albert Einsten, era um mistério para mim. Durante um feriado prolongado no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), eu tentava entendê-la a qualquer custo, sem conseguir alcançar meu objetivo. Esgotado, resolvi então descansar e depois de certo tempo tive uma enorme “surpresa”: como em um passe de mágica, tudo ficou absolutamente claro em minha mente, como se aquilo (a Teoria da Relatividade) fosse a coisa mais natural do mundo! Lembro-me que naquele momento eu chorei. Chorei de alegria!

Somente anos mais tarde, quando já se tornara um hábito meu esta prática do “relaxamento mental”, li um livro sobre criatividade nas agências de publicidade (do Roberto Duailibi da DPZ) e passei a entender o processo que eu praticava de forma despretensiosa, porém com resultados surpreendentes.

Tudo ocorria em três fases consecutivas, porém distintas:

– Aquisição de informações;

– Trabalho obstinado; e

– Relaxamento mental.

Esta era a base do processo que podemos utilizar para tirar o máximo proveito criativo de nossas mentes.

Na primeira fase buscamos o maior número possível de informações acerca do tema em que nos debruçamos. Elas serão a base sobre a qual o nosso cérebro fará as conexões em busca da solução do problema que estamos tentando resolver. Sem esta base, nosso cérebro não tem o que processar. Um bom exemplo é quando tentamos criar algo a respeito de um tema sobre o qual não temos nenhum conhecimento: impossível!

Na segunda fase usamos as ferramentas mentais que possuímos, tais como cálculo, análise, síntese, métodos, gráficos, desenhos, tabelas, opiniões e tudo que dispomos para tentar, “obstinadamente”, alcançar uma resposta para o problema. É a fase do trabalho duro, árduo, consciente. Por vezes, nesta fase, alcançamos nosso objetivo e nos satisfazemos com o resultado. Porém, quando isso não ocorre, temos ao nosso dispor a próxima fase, a mais surpreendente de todas.

Na terceira fase fazemos uso da mais incrível máquina disponível, de forma totalmente gratuita e sempre passível de ser utilizada. É a nossa capacidade de processamento inconsciente. Nesta etapa nós permitimos que nosso cérebro trabalhe de forma totalmente livre, difusa, porém em altíssima velocidade.

É inacreditável, mas somos nós mesmos que assumimos o controle do nosso cérebro por meio de uma “ordem” que nós, conscientemente, damos ao nosso próprio cérebro, para que ele inicie o trabalho inconsciente! Dizemos algo como: – Cérebro, fiz minha parte, agora faça a sua!

Qual é a “minha parte”? A aquisição das informações necessárias e o trabalho obstinado sobre estas informações em busca da solução do problema que se deseja resolver.

Qual a parte deixada ao “cérebro”? Ligar os pontos, ou seja, procurar sinapses entre as informações atuais com as quais nós acabamos de provê-lo e os bilhões de informações armazenadas ao longo de toda nossa vida, que estão em algum local da nossa memória, por vezes, de difícil acesso no nível consciente.

Neste momento liberamos nosso cérebro das “amarras racionais” e o deixamos processar tudo em uma velocidade absurdamente alta, algo só possível inconscientemente, jamais na lentidão do nível consciente. É a liberação da máxima potência de processamento, permitindo ao nosso cérebro produzir em condições ideais, sem as limitações das lentes racionais que nos escravizam e impedem o cérebro de operar num tipo de “processamento livre”, sem amarras, “navegando” em altíssima velocidade, em condições propícias para encontrar conexões que no nível consciente levariam anos para serem descobertas ou jamais as seriam.

O segredo é deixar o cérebro livre para que ele processe os bilhões de “bytes” de informações que possuímos de forma tão acelerada que, em algum momento, ele liga os pontos e joga a solução encontrada na “caixa” chamada consciência.

Portanto, minha sugestão é que você deixe seu cérebro “livre” para que ele trabalhe por você com todo seu potencial; isto também fará você chorar, chorar de alegria.

Tendo experimentado o êxtase deste processo, nunca mais o abandonei. Claro que isto exige certa “coragem” para, ao não obter o resultado esperado na fase de “trabalho obstinado”, realmente parar com o objeto de estudo e permitir que a parte “inconsciente” do nosso cérebro faça o restante precioso do trabalho por nós.

Creia! Seu cérebro NUNCA o desapontará! Ele irá trabalhar por você até que consiga encontrar uma solução para a questão que o incomoda e, então, finalmente poder relaxar. Não é mágica, é genética. Faz parte da evolução de nossa espécie e ocorre com todo aquele que se dispõe a tentar.

Louca, linda e extraordinária essa capacidade do nosso cérebro! Talvez poucos a experimentem na vida, mas os que têm a sorte de viver esta experiência e a incorporam como prática cotidiana acabam por tirar o máximo proveito do que de mais precioso a natureza nos deu de presente: nosso CÉREBRO.

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