Urna eletrônica de votação

“Ao votar, a primeira recomendação é ter calma. Eleição é assunto sério, o voto é um ato de cidadania importante e precisa ser muito bem pensado, analisado. Além do mais, votar não é apenas escolher um candidato, colocar o voto na urna e pronto, acabou. Quando você vota, escolhe alguém que, se eleito, deverá representar todos os seus eleitores”. (Herbert de Souza, o Betinho, no prefácio do livro “Como não ser enganado nas eleições)

Ano sim, ano não, no Brasil temos eleição. Parece até proposital a rima, assim como parece totalmente pensado o fato de termos tantas eleições seguidas, próximas, importantes e decisivas sempre. A cada 2 anos escolhemos entre inúmeros candidatos, milhares para ser preciso, nossos representantes para a Câmara Estadual, prefeituras, o Governo do Estado, a Câmara Federal, o Senado e a Presidência da República. O mais interessante é notar que há muitas pessoas que nem ao menos são capazes de distinguir quais as funções do legislativo e do executivo…

Por isso mesmo é muito importante que nas escolas sejam realizados trabalhos de esclarecimento e conscientização quanto a política não apenas para os alunos, mas também para seus pais e toda a comunidade, afinal como votar de forma consciente se nem ao menos sabemos quais responsabilidades cabem a quem na divisão das atribuições políticas/públicas e quais os compromissos da sociedade civil, no caso, dos eleitores quanto ao país, suas instituições, a economia, as leis…

Fala-se muito em voto consciente no Brasil, mas pouco é feito para termos reais condições de realizar tal intento. A informação neste sentido é de suma importância e, não adianta dizer que o trabalho de divulgação feito pela TV, rádio, jornais e internet pelo Tribunal Superior Eleitoral é suficiente. Não é, e todos sabemos bem disso, o buraco, como dizem no popular, é mais embaixo…

Consciência, de acordo com os dicionários, significa pleno conhecimento, acesso a informação, capacidade de discernir e entender, compreensão quanto ao contexto em que vivemos. Tendo compreendido esta definição, é isso o que vemos quando os brasileiros se encaminham para a urna eletrônica, para exercer o seu direito, a sua cidadania?

Se há brasileiros que trocam seus votos por benesses então estamos diante de um quadro que não caracteriza esta situação de voto consciente. Quando vemos pessoas que se decidem quanto aos candidatos escolhidos recolhendo informações de última hora, algumas até mesmo pegando “santinhos” a caminho do local de votação, muito menos. Se os depoimentos dos candidatos em comícios ou na TV são suficientes para muita gente, não podemos esperar melhor situação do que aquela em que vivemos…

É preciso compreender que se os bons se omitem, abrem-se espaços para os que tem más intenções. Ao mesmo tempo, demonstrar que fazemos política todo o tempo, até dentro de casa ou em nosso trabalho. Ainda que nos posicionemos assumidamente como apolíticos, os brasileiros precisam compreender que isso tem repercussões e significado político para todos, inclusive para as pessoas que estão se ausentando e isentando-se de posturas mais participativas.

 O voto consciente é apenas uma parte do processo, da vivência política. E acontece com esclarecimento pleno sobre o pleito, das funções dos cargos eletivos em disputa ao próprio funcionamento do processo eleitoral, da compreensão daquilo que são os partidos e suas posições ao histórico dos candidatos, do entendimento da propaganda eleitoral e das alianças partidárias até a necessidade de continuar atento ao que os eleitos fazem depois de assumir seus mandatos.

Você se lembra em quem votou para os cargos em disputa nas últimas eleições? Em anos eleitorais esta pergunta é muito frequente por parte das rádios, TVs e jornais. O mais interessante é perceber que o contingente de pessoas que não se recorda é grande. Normalmente conseguem lembrar o voto para os cargos executivos (presidente, governador e prefeito), mas para o legislativo, a maioria não consegue resgatar os nomes. Que se diga então cobrar trabalho, comprometimento com a população, honestidade e ética no trato com o interesse público, lisura e transparência em suas ações políticas, não é mesmo?

Voto consciente é parte essencial de uma democracia saudável e plena. Deveria ser demanda do povo, da sociedade civil como um todo e não bandeira de poucos abnegados ou ONGs ligadas a política. A temática é tão importante que poderia ser, juntamente com uma introdução aos direitos dos cidadãos, um elemento a mais a ser estudado nas escolas brasileiras. Na realidade, o exemplo e a ação neste sentido poderiam e deveriam começar no próprio Congresso Nacional, com a cobrança por deputados e senadores, de ações mais efetivas no sentido deste voto consciente. Mas aí parece que sonhei demais…

No entanto, como a vida segue, e as eleições estão sempre presentes no calendário brasileiro a cada 2 anos, é sempre válido reforçar algumas práticas a serem realizadas pelos eleitores no processo de escolha de seus candidatos, entre as quais, apontamos 10 delas a seguir:

1 – Não defina seu voto a partir de pesquisas eleitorais, escolha seu candidato sem que nenhum tipo de influência desta natureza o influencie.

2 – Escolha candidatos que não tem passado duvidoso, ou seja, que não estão com a ficha suja.

3 – Examine as propostas dos candidatos, verifique se são realistas para que, então, possa conhecer melhor o futuro que seus escolhidos querem para o Brasil.

4 – Se há qualquer denúncia ou processo por corrupção, desmandos, abuso do poder político, conchavos escusos ou ações ilícitas de qualquer natureza, procure se informar e considere estas informações para definir seu voto.

5 – Não vote em candidatos que representam o que se chama de voto de protesto, ou seja, que não tem condições reais de exercer mandatos em benefício público. O prejuízo para o país é grande pois passamos a ter mais uma pessoa incapacitada no exercício de um mandato que é importante para todos e que não terá voz, força, ideias, propostas e resoluções em favor da população.

6 – Faça uma análise criteriosa da realidade do país, de seu estado e mesmo de seu município. Verifique se este contexto, do modo como se apresenta, é aquele que deseja para a sua vida e a de todos os demais brasileiros (inclusive seus filhos, netos, sobrinhos, amigos…).

7 – Faça pesquisas para verificar o patrimônio dos candidatos. Aqueles que tem muito mais do que deveriam ter podem estar enriquecendo de forma ilícita e, sendo assim, não vote neles!

8 – Evite candidatos que se preocupam mais em atacar oponentes que em defender suas propostas. Acima da vitória nas eleições a qualquer custo deve estar a consciência de que a eleição visa trazer para a população um governo que trabalhe em prol da coletividade, do bem-estar geral e do progresso da nação.

9 – Evite os votos brancos e nulos pois muitas vezes, por conta de não escolhermos um candidato e suas propostas, ao anularmos ou votarmos em branco, estamos cedendo espaço para que candidatos ruins, despreparados, com maior espaço de divulgação de suas candidaturas ou apoiados por interesses privados sejam eleitos.

10 – Não venda seu voto. Sua consciência deve vir em primeiro lugar. Não troque o seu direito de escolha por nenhum tipo de benefício imediato, seja uma cesta básica, dinheiro, material de construção, roupas, transporte, material escolar ou o que for. O custo deste benefício imediato será muito alto para você e para todos os brasileiros.

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