Capa do livro "50 pensadores que formaram o mundo moderno"

Os tempos atuais exigem que ampliemos nosso repertório em busca de referências que nos auxiliem e a compreender as grandes questões que temos pela frente. Economia, política, cultura, direito, psicologia, sociedade, ciência, tecnologia e outros grandes temas emergem nos jornais, todos os dias, trazendo desde situações extremas, como guerras ou epidemias, até questionamentos relacionados a vida cotidiana ou a existência individual.

Há pensadores contemporâneos como Zygmunt Baumann, Peter Senge, Eric Hobsbawn, Pierre Levy, Manuel Castells, Philippe Perrenoud, Michael Apple ou Umberto Eco, entre outros, alguns deles falecidos recentemente, que conduzem ou conduziram pesquisas, gerando debates públicos a partir de artigos ou livros quanto a tais questões e que, é certo, nos ajudam a elucidar o quebra-cabeças em que estamos vivendo no novo milênio.

Suas análises são inteligentes, brilhantes em alguns casos, orientando o olhar de quem lê seus trabalhos e os analisa em profundidade para aplicar na vida real e solucionar os problemas que têm diante de si.

É preciso, no entanto, olhar um pouco para trás, buscar na história, em filósofos, escritores, biólogos, economistas, psicólogos, sociólogos, historiadores e outros expoentes das ciências e da cultura, nesta procura por referências igualmente inteligentes, pautadas em teorias que são atemporais e que podem, com adaptações, auxiliar a todos na compreensão do contexto em que vivemos.

O livro “50 pensadores que formaram o mundo moderno”, de autoria de Stephen Trombley, publicado no Brasil pela Leya, nos coloca em contato inicial com referências essenciais para a compreensão dos fundamentos teóricos do mundo contemporâneo.

Figura 1: “Um governo é, na melhor das hipóteses, um recurso conveniente; mas a maioria dos governos é normalmente – e todos são em alguma ocasião – inconveniente.” (Henry David Thoreau, em sua obra “A desobediência civil”).

Pensadores de áreas tão díspares como a física, a literatura, a sociologia, a filosofia , a biologia ou a psicanálise, entre outras, como Albert Einstein, Bertrand Russell, Max Weber, Michel Foucault, Charles Darwin ou Sigmund Freud, são apresentados para os leitores.

Informações biográficas introduzem os textos sobre cada autor para que, em seguida, elementos de sua obra sejam destacados, com ênfase naquilo que constituiu a maior contribuição destes pensadores em suas referidas áreas.

A leitura deve ser encarada como um início de estudos quanto a cada cientista, pensador ou artista retratado. O aprofundamento, ou seja, o prato mais fundo depois desta abertura deve vir com mais leituras e com a busca pelas obras primordiais das personalidades referidas no livro.

Uma das melhores qualidades do livro, além da sobriedade e do caráter didático das explicações que permitem a qualquer pessoa interessada realizar a leitura e o estudo, é que não há foco em apenas uma área do conhecimento e em pensadores deste segmento. Há, como já afirmado, um amplo leque de opções que irá fazer com que se entre em contato com nomes como Noam Chomsky, Karl Marx, Jacques Lacan, Rolland Barthes, Emile Durkheim ou Immanuel Kant, entre tantos outros.

Há trechos de pensamentos destes autores igualmente destacados na obra, acompanhados de breves análises de estudiosos de suas obras, o que coloca desde já o leitor em contato com a escrita dos pensadores, seus tópicos principais e, para complementar, a compreensão de um dos pesquisadores que se debruçou sobre tal obra e autor.

Figura 2: “Perdoar… é a única reação que não apenas re-age, mas age nova e inesperadamente, incondicionada pelo ato que a provocou, libertando de suas consequências, assim, tanto aquele que perdoa quanto o que é perdoado.” (Hannah Arendt, em “A Condição Humana”).

Por oferecer leituras que abrangem tantas áreas do conhecimento o livro torna-se ainda mais recomendável pois é preciso que as pessoas interessadas ampliem seus conhecimentos, saindo de sua zona de conforto, normalmente restrita à sua área de trabalho e estudo, para saber mais a respeito de autores e teorias importantes de outros pensadores e temáticas.

Uma coisa, no entanto, é certa quando se lê um livro como este, de caráter introdutório a obra de grandes pensadores, eles nos ajudam, de fato, a compreender situações e mazelas do nosso tempo, ainda que suas obras tenham sido produzidas a dezenas de anos ou há três séculos atrás.

Ter contato com obras fortes e instigantes de autores referenciais, mas que, por vezes, estão distantes de nosso cotidiano ainda que muito representativos para sua compreensão, como Hannah Arendt, Herbert Marcuse, John Dewey, Friedrich Nietzsche, Henry David Thoreau ou Simone de Beauvoir, somente para destacar alguns outros grandes pensadores abordados na obra, é de grande importância para o entendimento do mundo em que vivemos e a busca de respostas concretas para a solução de seus principais dilemas.

Leia o livro e sinta-se como num autêntico bate-papo inicial com os próprios pensadores!

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