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Em tempos de isolamento social, nossas relações passaram a ser virtuais e menos vivenciais, o toque reduziu e a troca de olhares também diminuiu. Se não fossem os recursos digitais, seria muito mais complicado lidar e se adaptar, no que condiz a estreitamentos familiares, troca relacionais e ansiedade. Contudo, para o aluno autista, as coisas ficaram um pouco melhores. Mas como assim?

Uma pessoa com autismo não realiza muitas interações sociais e algumas situações não chamam tanto a sua atenção. Ela apresenta alterações sensoriais que afetam sua ida a festividades, contatos e a trocas sociais intensas. Isso era “forçado” e sua reação era atípica, mas, com condutas manejadas, a melhora comportamental aparecia. Os dias passaram a ficar silenciosos, lá fora não é mais obrigatório e não há uma necessidade de lidar com outras pessoas. Por este motivo, inicialmente não tivemos casos de crises, de automutilações e de heteroagressão.

Aí vieram as aulas on-line… tempos de silêncio e calmaria acabaram. Como estudar em casa coisas da escola? Como minha mãe vira professora e minha casa vira uma sala de aula? Para responder estas perguntas, vamos perpassar por alguns critérios básicos do diagnóstico de uma pessoa com o Espectro:

A comunicação/linguagem do aluno autista

Aqui encontramos a dificuldade do sujeito, mesmo oralizado, em entender as comunicações e se fazer entendido. Há uma dificuldade específica em entender metáforas, mensagens subliminares, piadas e linguagem corporal. Ou seja, questões de abstração, inferência, coerência central, flexibilidade e planejamento são alteradas e vão atrapalhar nas trocas, diálogos e entendimento do ambiente.

Um exemplo clássico disto é que há uma dificuldade do aluno autista de entender que não estão de férias, mesmo estando em casa direto.

O comportamento/A interação do aluno autista

Aqui encontramos as dificuldades em lidar com o outro, que tem regras implícitas de comunicação, pois a troca social precisa dela. Há uma dificuldade em se manter em grupos e estar com eles. Isso também pode estar relacionado às questões sensoriais, que afetam o entendimento do ambiente através dos sentidos. Na maioria das vezes, o contexto é afetado e o sujeito não consegue manter interações sociais mais intensas. Seu comportamento torna-se repetitivo, há hiperfoco em assuntos específicos, uma aceleração corporal e estereotipias.

Um exemplo desta dificuldade é como o aluno autista lida com as plataformas de aula on-line, tendo que dar conta de trocas sociais com os colegas e seus barulhos.

Como incluir o aluno autista em ambientes virtuais

A seguir apresentaremos algumas dicas de como trabalhar essa inclusão desse aluno:

  • Pense em regulação de tempo, ou seja, quanto tempo esse aluno suporta em frente à plataforma? Ele se concentra? A aula fica gravada e ele pode entrar em outros momentos? Para isso, podemos adequar a participação no início da aula e deixar que o responsável possa acessar em outros horários do dia.
  • Ofereça diariamente o contato individual com o professor para auxiliar o responsável quanto às tarefas – a quantidade de tempo vai variar de acordo com cada criança.
  • Alinhe com a família uma tabela de estudo e de atividades lúdicas;
  • Prepare materiais estruturados e adaptados de acordo com cada aluno para que possam alcançar o conteúdo específico.
  • Ofereça apoio à família, pois eles podem estar abalados com o momento e não conseguirão auxiliar o(a) seu(sua) filho(a);
  • Se possível, crie redes de apoio entre os colegas para que o aluno com TEA possa estar, de certa forma, inserido no grupo. Montar salas menores de aula com mais cinco colegas, por exemplo.
  • A mediação precisa continuar durante a pandemia. Essa troca dual vai auxiliar o aluno com TEA e ampliar redes de apoio. Uma ideia é: após a chamada da professora, a mediadora entra em contato e alinha as dificuldades junto ao aluno, oferecendo suporte na realização das atividades.
  • As avaliações precisam de adequação e tempo ampliado para realizar na plataforma.

A inclusão precisa continuar em tempos de pandemia

Precisamos repensar o nosso modo de agir diante do ensino à distância. Essa ideia de contato virtual não é um problema para o aluno autista, mas sim a maneira como foi imposta.

O ensino híbrido, que é uma junção do ensino on-line e presencial a partir de tutoria, é uma situação real e inclusiva que precisa virar prática. Portanto, a necessidade de incluir e ampliar suporte precisa ser reformulada e ativa, pois o aluno com TEA continua com as mesmas dificuldades, contudo, mais agitado, pois está em seu ambiente natural e sua família pode não estar preparada para tal movimento.

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