Competências Socioemocionais: o grande desafio das escolas em 2021

O reflexo acerca de tudo o que vivemos e sentimos com o isolamento social está presente e repercutindo no novo ano letivo. Escolas fechadas, famílias sem saber como agir com crianças e jovens entediados, além de professores buscando recursos e ferramentas para lecionarem a distância.

Nos prédios escolares, o vazio do barulho dos estudantes, do movimento das aulas, do vai e vem característico que é a alma da Educação.

Nas casas dos alunos, o vazio da presença física de cada ser pertencente ao seu grupo escolar. O vazio do olhar de encorajamento do professor, da gargalhada do amigo, do toque, dos cheiros, dos sabores.

O retorno presencial ainda é incerto, as dúvidas a respeito do ensino híbrido permeiam a mente de todos. Aliado a tudo isso existe a cobrança para um planejamento que contemple o que não foi devidamente ensinado e aprendido em 2020.

É preciso enfatizar que 2021 começou marcado por histórias de vida. Histórias de força e resiliência. Indivíduos que enfrentaram o luto, que superaram a doença, que conviveram com o medo real da contaminação e da perda de entes queridos.

A escola segue sendo o grande espaço socializador, pois, no ambiente escolar, existe uma variedade de experiências e opiniões. É ali onde se misturam raça, cultura, crença, credo e todas essas histórias de vida e, assim, torna-se imprescindível trabalhar as competências socioemocionais!

A escola não se traduz na frieza dos conteúdos disciplinares, mas na junção do cognitivo com o emocional. Aprendemos na interação, pela emoção, e não apenas pelo intelecto. Nossos sentimentos norteiam um desenvolvimento efetivo ou não. Se nos sentimos felizes, seguros e confiantes, isso reflete positivamente na vida escolar e futuramente na vida profissional.

 

Mas por onde começar a trabalhar as competências socioemocionais?

Pelo acolhimento e pela escuta sensível a cada integrante do ambiente escolar.

Cabe aos gestores acolher a equipe docente e os demais funcionários da instituição com um olhar diferenciado a cada ser humano. Somente assim os gestores poderão apoiá-los de forma assertiva.

Já aos professores, o papel inicial é de conhecer bem cada um de seus alunos, reconhecendo suas peculiaridades e buscando identificar quais sentimentos afloram.

É crucial lembrar que, para desenvolvermos sentimentos e emoções nos alunos, precisamos também saber reconhecer e lidar de maneira positiva com nossos próprios sentimentos.

Mal a criança aprende a falar e suas famílias anseiam pela alfabetização e o aprendizado matemático. Muitos preferem matricular seus filhos em escolas bilingues. O fato é que, desde muito cedo, o aspecto cognitivo é priorizado e, assim, as crianças crescem competentes intelectualmente e apresentam problemas sérios de fundo emocional. Isso se reflete nos índices de violência, intolerância e bullying nas escolas.

É urgente atentarmos que as emoções influenciam o nosso cotidiano. Perseverança, resiliência, determinação, colaboração, autocontrole, curiosidade, otimismo e confiança independem do nosso intelecto, da nossa cultura e formação.

O desequilíbrio emocional sabota as mentes eruditas através de ansiedade exagerada, atitudes explosivas e/ou dificuldade no trabalho em equipe e no relacionamento com as diferenças.

Assim, é nítida a importância de promovermos alfabetização emocional desde a mais tenra idade. Nosso século é marcado pela tecnologia e por transtornos emocionais. De nada adiantará os avanços científicos e tecnológicos se não os utilizarmos a nosso favor.

 

A importância de desenvolvermos as competências socioemocionais

Essas competências, junto às cognitivas, auxiliam na criação de uma próxima geração mais segura e afetuosa. Isso significa amenizar doenças físicas e psicossomáticas, diminuir a violência e principalmente promover indivíduos mais felizes e proativos.

Educar emocionalmente implica em fortalecer o indivíduo, resgatar valores, o senso de respeito, de solidariedade e responsabilidade. 

É preciso vislumbrarmos o ser humano integral e único, no qual apenas a razão não supre sua formação profissional. É necessário levar em consideração as necessidades humanas que cada um apresenta, sejam elas emocionais ou sociais. É fundamental para qualquer ser humano viver em sociedade e estabelecer vínculos saudáveis consigo próprio e com os outros.

As transformações tecnológicas sem tempo de reflexão e autoconhecimento afetam negativamente a pluralidade da produção cultural humana, mas é possível utilizá-las a nosso favor através de um projeto bem planejado.

Podemos citar como ponto de destaque do isolamento social a necessidade de usufruir das tecnologias para a continuidade das aulas, o repensar das ações, o surgimento de projetos bem embasados e a multiplicidade de ofertas para a formação continuada de educadores através das lives.

Abordar sentimentos e emoções sem um planejamento bem estruturado, um bom projeto, segurança e consciência do trabalho pode não ser a melhor opção.

Todavia, com a formação continuada de professores, estes têm subsídios na elaboração de seus planejamentos, projetos e sequências de atividades. Assim, trabalham as competências socioemocionais significativamente.

Que no ano letivo de 2021 possamos utilizar todos os recursos e ferramentas disponíveis para enriquecer as nossas aulas, mas sem esquecermos do principal: o recurso humano.

O recurso humano se fundamenta através de aulas inspiradoras, dinâmicas, lúdicas, prazerosas, afetuosas, criativas, críticas e reflexivas, onde cada indivíduo tem a oportunidade de conhecer a si mesmo, tornando-se protagonista e autônomo em seu processo de desenvolvimento.

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Paty Fonte – Especialista em Educação Infantil e Pedagogia de Projetos. Autora dos livros: “Projetos Pedagógicos Dinâmicos”, “Pedagogia de projetos: ano letivo sem mesmice” e “Competências Socioemocionais na escola”, publicados pela WAK Editora.

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